sábado, 10 de outubro de 2009

Entendendo a Azia

Azia


O que é azia?
Azia ou pirose é uma desconfortável sensação de queimação localizada na parte superior do abdome ("boca do estômago"), ou que se move partindo do estômago para cima, em direção à garganta.

Por que ocorre a azia?
Todos nós temos uma espécie de válvula muscular na região onde o esôfago – tubo muscular que transporta o alimento desde a garganta até o estômago – se une ao estômago. Por algumas razões, esta válvula não funciona em certas pessoas, permitindo o refluxo de ácido do estômago para o esôfago, provocando um mal chamado Doença por Refluxo Gastroesofágico (DRGE).

Quais são os sintomas da DRGE?
O sintoma mais comum é justamente a azia ou pirose, mas existem outros sintomas associados ou não à azia. Entre eles, merecem destaque: regurgitação do conteúdo do estômago para a boca, sobretudo após as refeições; eructações (arrotos); sialorréia (produção excessiva de saliva); disfagia (dificuldade para engolir);rouquidão; engasgos ou crises de asma quando se está deitado; dor no peito, simulando problemas cardíacos.

Por que ocorre o refluxo?
A razão pela qual o conteúdo do estômago reflui para o esôfago tem a ver com o funcionamento de um anel muscular chamado esfíncter do esôfago, localizado na junção entre os dois órgãos. Este anel existe para evitar que o conteúdo do estômago volte para o esôfago. Ele deve se abrir apenas quando você engole algum alimento; no restante do tempo, ele deve permanecer fechado, evitando assim o refluxo. Nos pacientes com DRGE, este esfíncter não funciona adequadamente: ou é muito fraco ou se abre em momentos impróprios.

Por que o suco gástrico é nocivo para o esôfago e não para o estômago?
O revestimento interno do tubo digestivo é feito de acordo com a função de cada segmento. Desta forma, o esôfago, que tem a função apenas de conduzir o alimento da boca até o estômago, apresenta um revestimento bastante simples. Já o estômago produz grandes quantidades de ácido clorídrico e outras substâncias corrosivas, fundamentais para a digestão dos alimentos. Por isso o seu revestimento é reforçado e protegido. Quando o seu conteúdo atinge o esôfago, pode provocar inflamação, erosões e até úlceras.

Quando devo procurar o médico?
Se você tem azia freqüentemente (mais de três vezes por semana) ou apresenta sintomas sugestivos de refluxo noturno (tosse, rouquidão, crises de asma noturna), você deve procurar ajuda médica.

Esta coluna foi escrita pelo médico José Alves de Freitas (e-mail jalves@zup.com.br), com o apoio da Janssen-Cilag. Ele é doutor em Gastrenterologia pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM) e é professor adjunto de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Catanduva.

Prevenindo o Refluxo (Azia)

Já abordamos o tema do refluxo, da azia e dos problemas gastrointestinais diversas vezes nesta coluna. Agora, apresentaremos algumas medidas para prevenir o refluxo e informações úteis para pessoas que sofrem desse mal.

Como posso prevenir o refluxo, a azia e a queimação?
Se seus sintomas são leves ou pouco freqüentes, é possível evitá-los, na maioria das vezes, com as seguintes precauções: comer devagar e mastigar bem os alimentos; evitar refeições volumosas; não se deitar logo após as refeições; evitar alimentar-se duas a três horas antes de dormir; diminuir o consumo de bebidas alcoólicas; abolir o fumo; perder peso, se necessário; reduzir o estresse; tentar manter postura adequada; não usar roupas ou cintas apertadas.
Como é feito o diagnóstico da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)? O diagnóstico é feito com a história clínica, ou seja, com os sintomas e a realização de endoscopia digestiva. Em alguns casos, os sintomas são tão característicos que são suficientes para se fazer o diagnóstico. Mesmo nestes casos, a endoscopia é importante para a sua confirmação. Trata-se de um exame simples que consiste na introdução de uma microcâmera no interior do esôfago, permitindo não só visualizar todo o órgão, mas também fotografar, filmar e, se necessário, coletar material para exame. Este processo não é doloroso e, para sua realização, é necessário apenas anestesia local da garganta, utilizando-se anestésico em spray ou geleia, e leve sedação.

Boas novas: seu médico pode ajudar muito:
O tratamento da DRGE normalmente é demorado e requer visitas freqüentes ao médico. É preciso lembrar que a doença não é igual em todos os pacientes. Os sintomas surgem por diversas causas e em diferentes ocasiões. Além disso, a doença apresenta vários graus de gravidade. Além de uma série de recomendações a respeito da dieta e dos hábitos de vida, existem hoje medicamentos muito eficazes não só para aliviar os sintomas, mas também para cicatrizar as lesões. Os mais utilizados são de dois grupos: os que visam neutralizar ou inibir a secreção de ácido do estômago e aqueles que promovem o funcionamento adequado da válvula que existe entre o esôfago e o estômago. É importante ter em mente que somente o médico pode dar a orientação correta para o seu caso. Evite, portanto, tomar remédios por conta própria ou por recomendação de terceiros, pois alguns medicamentos podem melhorar os sintomas encobrindo doenças mais graves, ou ainda interagir com outras substâncias e causar sérios problemas à sua saúde.

Obs.: Este texto foi extraído de pesquisas na internet. O original se encontra arquivado

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Gripes e Resfriados

As gripes e resfriados são infecções causadas por vírus e afetam qualquer parte das vias aéreas superiores (nariz, garganta, laringe, faringe, seios paranasais) e, eventualmente, das vias aéreas inferiores (traquéia e brônquios).
Dos inúmeros vírus que causam os resfriados, o mais comum é o rinovírus, do qual existem cerca de cem subtipos diferentes. Já a gripe é causada pelo Influenza e apresenta sintomas bem parecidos com os dos resfriados, mas com maior gravidade.
Portanto, apesar dos sintomas bem semelhantes e de serem ambas doenças causadas por vírus, gripe e resfriado não são a mesma coisa.

As fases das gripes e resfriados
Inicialmente, o vírus invade a mucosa do nariz, provocando inflamação, irritação, coceira e espirros. Esta invasão desencadeia uma série de reações do organismo que deixam a mucosa inchada, provocando obstrução nasal e secreção aquosa (coriza). Nesta fase, que dura de um a dois dias, podem ocorrer tosse seca, febre, mal-estar, indisposição, dor de cabeça e dores no corpo. Estes sintomas são menos acentuados nos resfriados comuns, mas muito mais intensos nos quadros de gripe.
Depois destes dois dias, os nossos mecanismos de defesa começam a ficar mais ativos e eficientes para o combate ao agente causador da doença. Os anticorpos destroem os vírus e começa a haver a eliminação de restos celulares, fazendo com que a coriza fique mais espessa e esverdeada. Mais tarde, ela se torna amarelada e a tosse fica mais "cheia" (produtiva), mas já começamos a nos sentir melhor. Esta fase pode durar de dois a oito dias. Ao final deste período, a mucosa volta ao normal.

Quando procurar um médico?
Como nós temos vários resfriados durante a vida, aprendemos a reconhecer seus sintomas e habitualmente conseguimos controlá-los. No entanto, existem algumas situações em que, apesar de os sintomas serem parecidos com os dos resfriados, devemos procurar um médico para nos certificarmos de que a doença não é grave e não exige maiores cuidados. Procure um médico sempre que houver:
dor de cabeça de forte intensidade ou com características diferentes das dores de cabeça que você costuma ter; febre acima de 39,5ºC ou que persista por mais de três dias; dor torácica, especialmente durante a inspiração ou tosse; expectoração com sangue; manchas no corpo acompanhando os outros sintomas;
dores na nuca; dificuldade para respirar; contato com pessoas com outras doenças infecciosas transmissíveis.

Um Pouco Mais Sobre Gripes e Resfriados

O que provoca essas doenças?
Não se sabe exatamente o que predispõe uma pessoa a contrair os resfriados, mas geralmente não existe uma relação entre "pegar friagem", tomar líquidos gelados, andar descalço ou dormir com cabelo molhado e os resfriados. Também não existe uma ligação entre o estado nutricional e a predisposição aos resfriados, que atingem crianças bem alimentadas tanto quando crianças desnutridas.
Parece, sim, haver uma relação entre o estado psicológico e a predisposição aos resfriados – ficamos muito mais vulneráveis a eles em momentos de estresse e depressão. Isto parece ser confirmado pela maior incidência de resfriados na segunda fase do ciclo menstrual, no caso das mulheres. Outro fator que certamente tem sua influência é a presença de alergias respiratórias – rinite, asma, bronquite, sinusite. Neste caso, a friagem e os líquidos gelados podem contribuir para que a pessoa contraia mais resfriados e gripes do que seria normal.

Como se prevenir?

É muito difícil "escaparmos" do contato com o vírus. Pegar ou não o resfriado vai depender do contato anterior com aquele vírus, do nosso estado psicológico e da presença de alergias respiratórias.
No entanto, algumas medidas podem ser tomadas para ajudar na prevenção:
manter a casa sempre bem arejada; evitar permanecer em locais fechados com grande número de pessoas;
lavar sempre as mãos; evitar permanecer muito tempo em locais com ar condicionado; ingerir líquidos em grande quantidade (de preferência água e sucos); alimentar-se bem; exercitar-se regularmente;
evitar o estresse; não fumar ou ficar em locais com pessoas fumando; evitar locais muito poluídos.
Com isto, evitaremos boa parte dos resfriados, embora não possamos ficar imunes a eles.

E as vacinas contra gripes e resfriados?

Existem vacinas contra a gripe, mas não contra os resfriados. Elas podem ser administradas a partir dos 6 meses de idade, mas geralmente as crianças só as recebem em casos especiais: quando possuem alergias respiratórias, doenças do coração ou pulmão, ou quando estão internadas em instituições.
No caso dos adultos, há empresas que oferecem esta vacina a seus funcionários, o que apresenta bons resultados. É muito importante que os idosos sejam vacinados anualmente, devido aos riscos trazidos por complicações das gripes, principalmente pneumonias.
É importante lembrar que esta vacina é feita com os vírus mais freqüentes em um determinado ano. Por isso, no ano seguinte, esta mesma vacina não terá tanta eficiência e há necessidade de se receber uma nova dose.

Qual é o tratamento para as gripes e resfriados?

Como são doenças virais, não existe tratamento específico contra a gripe e o resfriado. Os antibióticos não têm nenhuma ação contra estes vírus e é inútil e prejudicial usá-los para isto.
O tratamento é apenas sintomático, ou seja, procura aliviar os sintomas: abuse dos líquidos – quanto mais a pessoa ingerir, mas fluidas ficam as secreções, dificultando o surgimento de complicações;
procure repousar para que seu sistema imunológico funcione mais e melhor; no caso de febre e dores no corpo, use analgésicos à base de Paracetamol (como, por exemplo, o Tylenol, pois, além de eficientes, são praticamente isentos de efeitos colaterais nas doses recomendadas, podendo ser usados mesmo por crianças pequenas, gestantes e durante a amamentação.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Tuberculose

A tuberculose é uma doença infecciosa, crônica, causada por uma micobactéria. É claro que a simples exposição ao bacilo não é suficiente para provocar a doença.

Diversos fatôres são responsáveis pela evolução da infecção tuberculosa. De um lado a resistência do indivíduo infectado, de outro o número de bacilos infectantes e a sua virulência.

A tuberculose prolifera onde quer que haja pobreza, malnutrição e falta de cuidados médicos adequados (Robbins).

  • A pobreza influi nas condições de habitação (superpopulação facilita a propagação do bacilo), nas condições de alimentação e na dificuldade em obter cuidados médicos.
  • A nutrição inadequada contribui para a diminuição da resistência do indivíduo.
  • A falta de cuidados médicos permite a progressão da doença e, nos casos em que o tratamento é iniciado e interrompido, a multiplicação de casos resistentes à terapia.
O Mycobacterium tuberculosis é um parasita intracelular obrigatório, aeróbio, que mede cerca de 3 mm (três milésimos de milímetro), imóvel e de crescimento lento.

É amplamente distribuído no mundo inteiro. Estima-se que um terço dos habitantes do globo estejam contaminados pelo bacilo da tuberculose.


Geralmente o bacilo penetra em nosso organismo por via inalatória, alcançando os pulmões. Neste primeiro contacto, o bacilo geralmente se localiza no ápice do lobo inferior ou na base do lobo superior do pulmão (portanto na região média), na região sub-pleural.

A primeira resposta inflamatória é inespecifica e ineficiente; com o passar dos dias, macrófagos derivados dos monócitos do sangue se acumulam no foco inflamatório.

Inicialmente estes macrófagos não "treinados" são incapazes de destruir os bacilos, não conseguindo completar a fagocitose. Com o passar dos dias há o desenvolvimento de uma resposta imunológica mediada por células T e os macrófagos tornam-se eficientes na destruição dos bacilos.

Muitos macrófagos sofrem modificações: o citoplasma se torna amplo, pálido e eosinófilo. O núcleo torna-se vesiculoso e alongado. Estas são as células epitelióides, assim chamadas por causa de uma vaga semelhança com células epiteliais.

Alguns macrófagos fundem-se entre si, dando origem às células gigantes do tipo Langhans. Em torno deste acúmulo de células, há linfócitos e fibroblastos.

A este arranjo nodular de macrófagos, macrófagos modificados (células epitelióides e células gigantes), linfócitos e fibroblastos, damos o nome de granuloma. Com o aparecimento do fenômeno da hipersensibilidade (10 a 14 dias), ocorre uma forma peculiar de necrose no centro do granuloma, chamada de necrose caseosa.

A tendência, na maior parte dos indivíduos, é para a cura espontânea da lesão. Com o passar do tempo a lesão vai se tornando menos celular, envolta por fibrose densa, ocorrendo até mesmo a calcificação da lesão (que pode ser vista radiologicamente). Bacilos podem permanecer viáveis no interior destas lesões por muitos anos. Esta lesão é chamada de nódulo de Ghon ou nódulo primário.

Como a resposta inflamatória inicial é pouco eficiente, bacilos podem alcançar os linfonodos do hilo pulmonar e provocar aí lesões idênticas àquelas do pulmão. Quando o indivíduo apresenta a lesão pulmonar e a lesão ganglionar satélite, dizemos que êle apresenta o complexo de Ghon ou complexo primário da tuberculose. Uns poucos bacilos podem alcançar órgãos distantes e aí permanecer quiescentes e em determinado momento proliferar e causar lesões típicas da tuberculose, mesmo na ausência de doença pulmonar ativa (tuberculose de órgão isolado).

Em indivíduos imunodeficientes o curso da primoinfecção tuberculosa pode ser mais grave, com disseminação progressiva, cavitação, pneumonia tuberculosa ou tuberculose miliar.


A tuberculose secundária (também chamada do adulto, pós-primária ou de reativação), ocorre por reativação do foco primário (por queda da imunidade) ou por reinfecção exógena (o indivíduo entra uma vez mais em contato com o bacilo da tuberculose).

A lesão da tuberculose secundária localiza-se no ápice do lobo superior, sob forma de uma consolidação pequena . Com o passar do tempo novos granulomas vão se formando e a necrose pode confluir, formando áreas de destruição pulmonar. Em casos favoráveis, ocorre a cicatrização da lesão e cura do paciente.

Alguns pacientes apresentam lesões mais extensas e graves, (tuberculose pulmonar progressiva) que destróem brônquios e vasos. O material necrótico é expelido para a luz brônquica e a cavidade resultante é denominada caverna. O material necrótico pode alcançar, no seu trajeto, outras áreas do mesmo pulmão, do pulmão contralateral ou o laringe, produzindo novas lesões nodulares ou até mesmo extensas condensações (pneumonia tuberculosa). A pneumonia tuberculosa ocorre em indivíduos muitos susceptíveis, sendo freqüentemente fatal. Era conhecida antigamente como tuberculose galopante por causa da sua evolução rápida.

O material necrótico pode ser deglutido e alcançar o tubo digestivo, provocando tuberculose intestinal. Esta geralmente ocorre no íleo terminal sob forma de úlceras múltiplas, anulares, acompanhadas de fibrose e lesão ganglionar satélite. Por causa da sua localização e aspecto morfológico das lesões que provoca, devemos nos preocupar em distingüir tuberculose intestinal de Doença de Crohn. Hoje em dia, com a pasteurização do leite, a tuberculose intestinal por ingestão de leite contaminado tornou-se rara.

Caso a disseminação ocorra por via linfo-hematogênica, o paciente apresentará uma tuberculose miliar. Neste caso as lesões podem se limitar aos pulmões ou atingir muitos órgãos tais como supra-renais, baço, fígado, linfonodos, medula óssea, etc. Esta é uma forma grave e muitas vezes fatal de tuberculose.

Com a progressão da doença, a pleura é atingida, ocorrendo derrame pleural seroso, pleuris fibrinoso e finalmente pleuris fibroso. É importante distingüir o pleuris tuberculoso do pleuris reativo. No primeiro há infecção da pleura pelo bacilo, que causa granulomas e exsudação serosa ou fibrinosa, geralmente extensa. No pleuris reativo há apenas irritação pleural, por causa da infecção ocorrida no parênquima pulmonar adjacente. Este é geralmente restrito a pequenas áreas, enquanto o outro costuma ser extenso. É importante que o tratamento específico para tuberculose seja acompanhado de medidas para evitar aderências pleurais que poderão comprometer a função respiratória.